O câncer de mama é a neoplasia mais incidente
na população feminina excluindo-se os tumores de pele não melanoma. Acomete,
preferencialmente, mulheres por volta dos 50 anos de idade, sendo raro antes
dos 30 anos. Todavia, nas últimas décadas tem sido observado a nível mundial um
aumento da incidência dessa neoplasia inclusive em faixas etárias mais jovens. É o segundo em causa de mortalidade por câncer,
perdendo somente para o câncer de pulmão. De acordo com o Instituto Nacional do
Câncer (INCA), no Brasil eram esperados 49.400 novas ocorrências em 2010,
com risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres.
A detecção precoce do câncer de mama seguida
do tratamento efetivo têm comprovadamente reduzido a mortalidade em várias
séries de estudos. No Brasil, infelizmente, cerca de 60% dos tumores malignos
da mama são diagnosticados em estados avançados. Assim, à luz dos números
atuais, esforços não devem ser poupados no desenvolvimento de estratégias de
diagnóstico precoce (prevenção secundária), já que a prevenção primária dessa
neoplasia ainda não é uma realidade para os casos de câncer de mama
esporádicos, que constituem o tipo mais frequente desta neoplasia.
Os sinais e sintomas mamários geram muita
ansiedade e despertam nas mulheres o desejo de esclarecimento médico urgente
para afastar a possibilidade de acometimento neoplásico da mama. Na atualidade,
o auto-exame da mama tem gerado muita controvérsia quanto a sua validade. Nas
populações em que as mulheres fazem consultas médicas regulares e mamografia de
screening (mamografia de rastreamento) com a periodicidade recomendada já foi
evidenciado que esta prática não agrega vantagens. Entretanto, em populações
menos favorecidas, o auto-exame deve continuar sendo recomendado e ensinado a
fim de perceber certas alterações provocadas pelo câncer de mama ou como método
de autoconhecimento do corpo. A mamografia, entre os métodos de diagnóstico por
imagem, é o mais utilizado para o screening e diagnóstico do câncer de mama. É
considerado, atualmente, o exame “Padrão Ouro” entre os realizados em
mastologia, principalmente, por seu baixo custo e pela relativa acessibilidade.
No intuito de identificar as lesões iniciais
do câncer de mama, o exame clínico (EC) é parte fundamental da propedêutica
diagnóstica. Deve ser realizado como parte do exame físico e ginecológico, e
constitui a base para a solicitação dos exames complementares.
Além do diagnóstico precoce, uma boa notícia para as pacientes de
câncer de mama é a evolução das variadas terapêuticas que são utilizadas tanto
na oncologia clínica (quimioterapia e hormonioterapia) como na radioterapia. As
máquinas utilizadas hoje são muito mais avançadas do que as de 15 anos atrás. O
tratamento também está mais individualizado, já que cada mulher pode apresentar
câncer de mama com características específicas, o que implica num tratamento
diferenciado.
O tratamento para o câncer de mama deve ser realizado por uma
equipe multidisciplinar visando o tratamento integral da paciente. As
modalidades terapêuticas são a cirurgia e a radioterapia para tratamento
loco-regional e a quimioterapia e a hormonioterapia para tratamento sistêmico.
Nessa linha de evolução, surgiram os chamados tratamentos-alvo,
direcionados para alterações específicas ou mais frequentes nas células
cancerosas, poupando células normais e amenizando, consideravelmente, os
efeitos colaterais da paciente. É neste tipo de tratamento que a radioterapia é
peça chave.
Existem dois motivos para solicitar uma mamografia:
• MAMOGRAFIA DIAGNÓSTICA
Pode ser solicitada em qualquer idade em mulheres com sinais ou
sintomas de câncer de mama ou sempre que dúvidas existam e precisem de
esclarecimentos. É necessário, entretanto, conhecer e respeitar as limitações
do método.
• MAMOGRAFIA DE RASTREAMENTO (Screening)
Este exame é feito, de rotina, em mulheres consideradas da
população-alvo sem queixas ou alterações mamárias sugestivas de câncer de mama.
O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama
associam-se a consideráveis repercussões psicológicas. Foram descritos quadros
de depressão, ansiedade, ideação suicida, insônia e medo, que inclui desde o
abandono pela família e amigos até o de recidiva e morte. Esse quadro pode
contribuir para uma percepção negativa da qualidade de vida (QV). Outros
aspectos que podem comprometer a QV de mulheres com câncer de mama relacionam
se à diminuição da mobilidade e linfedema do membro superior, uso de
quimioterapia, sintomas vasomotores, secura vaginal, disfunções sexuais8 e
dificuldades econômicas. A presença de ondas de calor pode comprometer a
qualidade e a duração do sono, com conseqüente piora da fadiga e dos sintomas
depressivos.
Diversos estudos mundiais
demonstraram que a realização de mamografia periódica em mulheres que não
apresentam sintomas de câncer tem impacto em redução de mortalidade.
Recomenda-se, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, que mulheres
realizem uma mamografia anual a partir dos 40 anos ou a partir dos 35 anos
quando pertencente ao grupo de alto risco (familiar de primeiro grau com câncer
de mama abaixo dos 50 anos, familiar de primeiro grau com câncer de mama
bilateral, familiar do sexo masculino com câncer de mama ou diagnóstico prévio
de lesão mamária com atipia ou neoplasia in situ).
Embora tenham sido identificados alguns
fatores ambientais ou comportamentais associados a um risco aumentado de
desenvolver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem evidências
conclusivas que justifiquem a recomendação de estratégias específicas de
prevenção.
É recomendação que alguns fatores de risco,
especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de ações visando à promoção
à saúde e a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis em geral. Não há
consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomendada às mulheres
assintomáticas, independente de pertencerem a grupos com risco elevado para o
desenvolvimento do câncer de mama.
As ações interdisciplinares na atenção ao
câncer de mama devem ser iniciadas a partir do diagnóstico, e devem fazer parte
da atuação conjunta entre todos os profissionais de saúde, junto aos pacientes
e familiares. As intervenções interdisciplinares têm como objetivo fazer uma
junção entre conhecimentos e disciplinas, que intercedam efetivamente na
qualidade de vida desta população após o tratamento, favorecendo de forma prioritária
o seu retorno às atividades físicas, sociais e profissionais.
REFERÊNCIAS
CONDE, D. M.; PINTO-NETO, A. M.; JUNIOR, R.
F.; ALDRIGHI, J. M.; Rev Bras Ginecol
Obstet. 2006; 28(3): 195-204.
JUNIOR, J. C. S.; SOARES, L. F. M.; Câncer de
mama. In: Oncologia básica. Piauí:
Fundação Quixote, 2012. p. 41-60.
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